quinta-feira, setembro 14, 2006

quando eu era criança...

Recordo-me perfeitamente quando tinha uns 7 ou 8 anos e dizia, no regresso da escola, que queria crescer. Relembro ainda melhor a educadora que me ia buscar que, com um ar muito pesaroso e sotaque sibilado, dizia sempre para não querermos crescer mais depressa e para aproveitarmos a infância. Na altura não compreendia aquilo que ela dizia, quando cresci um pouco achei que ela dizia aquilo porque tinha uma vida muito "pesada", afinal de contas ter uma filha deficiente não é pêra doce para ninguem, agora que cresci mais um pouco entendo-a bem melhor.
Quando somos pequeninas, ser adulto representa ter liberdade, batons e saltos altos, quando crescemos é que percebemos que representa pagar impostos, perceber como se faz o IRS, tomar decisões que afectam tudo e mais alguma coisa, e saltos altos? Nem ve-los! Que a coluna começa logo a reclamar.
A verdade é que ninguem nos prepara para isto e se continuarmos a olhar a vida com os olhos de uma criança também não há forma de nos prepararmos. Como é que se explica a uma criança que ninguem percebe como se faz o IRS e que tambem ninguem se lembrou de escrever um livro a explicar? Afinal tudo poderia ser muito mais simples mas não o é, e é por isso que é difícil explicar impostos a crianças.
Como é que se explica a uma criança que quando crescemos a cor do batom deixa de ser a dúvida existencial do dia e passa a ser uma coisa tão entediante como "onde é que vou inventar dinheiro para pagar o seguro do carro"?
Se querem que vos diga, eu prefira ficar pela escolha da cor dos batons ou pela vontade de ouvir o splac plac dos saltos a bater no chão...

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