terça-feira, junho 21, 2005

take II

take II (after dinner)
Como devem imaginar andei em estado de graça durante uns dias, com as minhas recentes descobertas. Não só aquela senhora tinha sido generosa num gesto simples face aquele rapaz independente de tudo o resto, como, à excepção do rapaz à minha frente, vimos todos tranquilamente no comboio, sem grandes receios, numa convivência pacífica. Não vi nínguem mudar de carruagem por medo ou incomodo, não vi nínguem particularmente mal-disposto ou assustado. Parecia que tinhamos encontrado um equílibrio nas diferenças. Para vos ser muito sincera, as diferenças, a mim nunca me fizeram diferença (permitam-me a redundância). qualquer tipo de diferenças, aceita-as e gosto de ver um mundo colorido de contraste (sim sou fã dos anúncios da benetton,são delicosos!). Mas confesso que me faz confusão aqueles cuja diferença, faz diferença.
Retomando, andava eu neste estado de graça quando vejo os acontecimentos que considero bárbaros na praia de Carcavelos. Quando vi as imagens, a primeira imagem que me ocorreu foi dos ataques tribais, em q se vêm homens semi-despidos com paus e catanas na mão a correr em filas contra o inimigo.
há uma imagem que me ficou muito presente, em que se vê um grupo numa roda e não se percebia o que estava no meio daquele "moche", só pensei "deus queira que não estivesse ali nínguem".
Depois imaginei-me na praia, como ficaria se visse aquela gente a correr na minha direcção daquela maneira? e consegui ver mães em pânico, crianças assustadas e coisas do género. Odiei a sensação. Assim que me apercebi do sucedido, deu-me uma dor de alma. Estava muito perto de Carcavelos quando o arrastão se deu, apercebi-me quando vi pessoas a passar por mim muito sisudas a dirigirem-se para os carros, estranhei porque era cedo para as pessoas voltarem para casa, mas só quando cheguei a casa e vi o noticiário, percebi porque vinham sisudas e silenciosas. Vinham com medo!
E depois disto como ficamos?
E depois disto, os meninos do arrastão eram semelhantes aqueles do comboio e os meninos do arrastão também vinham de comboio..
e agora...amanhã, como será no comboio?
Nos dias a seguir, na rua, as pessoas não se desviam do seu caminho quando viam um negro, mas sentia-se aquele mal-estar no ar...
De repente, senti que uma falta de esperança terrível, começaram novamente os comentários xenófobos por todo o lado, já há até manifestações nacionalistas da frente-direita. e a verdade é que contra factos não há argumentos, daqueles ditos 500, provavelmente quase todos eram negros. Não quero obviamente com isto dizer que acho que tem a ver com a cor da pele, longe disso, quer dizer que se torna mais difícil defender a igualdade na diferença. quero com isto dizer que aqueles 500 merecem o nosso repúdio, não pela cor da pele ou nacionalidade, mas pela crueldade dos seus actos e por terem colocado em cheque todos aqueles que sendo negros não têm nada a ver com isto.
Parece que a balança desafinou e que o equílibrio tão desejado foi novamente catapultado para um sonho ou um futuro...

4 Comentários:

Às 10:59 da tarde , Blogger celtic disse...

(gostei particularmente do Rodirley!lololol nem me ocorreria melhor nome para elucidar a questão! é obviamente um nome presente na mente de todos nós, ao lado dos Nunos e dos Pedros ;))

 
Às 11:17 da manhã , Blogger Acid Pig disse...

Oh celtic tu desculpa-me, mas estavas em "estado de graça" lllllllllllllloooooooooooolllllllllllllllllll

Quanto ao arrastão, já ouvi inúmeras versões, já li outras tantas e a única coisa que eu sei é que todos aqueles que estão no nosso país, independentemente da raça (se é que ainda existe esse conceito), da religião ou do país de origem, se fizessem merda, iam automáticamente deportados sem mais conversa. E digo-te mais se fossem menores ia a família toda, porque não são só as escolas a educar os putos e se trabalham como cães e não têm tempo para as crianças passem a usar preservativos, aposto que assim as ditas "crianças" eram mais responsáveis e pensavam bem no seu futuro.
E assim já não pagava o justo pelo pecador...

Posso ser radical, mas isto chegou a um ponto em que o pais está saturado e não há condições económicas e sociais para receber milhões de gente com necessidades evidentes, a precisar de quase tudo.

Tenhamos paciência que as coisas só podem melhorar...

 
Às 11:57 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

:| vou-me poupar aos comentários.. só dizer que realmente não concordo com reacções/posições extremistas e que patriotismo não significa xenofobia. Já ouvi tanta baboseira acerca disto... quanto mais falamos deste assunto, mais as "arrastadeiras" e os "nazis", em pólos opostos, se congratulam por lhes estarmos a dar atenção. pffff....

 
Às 11:12 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

só gostaria de dizer q foi por uma situação similar q o hitler chegou ao poder através de eleições.

 

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