Tenho um amigo que diz que nunca devemos dizer que estamos desempregados, devemos antes dizer que estamos entre projectos.
Seguindo a lógica deste meu amigo, então eu não tou desempregada, desalojada (salvo seja), desconsolada, eu estou antes, entre projectos, entre quartos (sim ando a remodelar o dito cujo), entre consolos, já para não falar de vários outros "entres" com os quais ando a lidar. O complicado é que isto enquanto entra e não entra, quem se lixa é o mexilhão e neste caso o mexilhão aqui sou eu.
Perante o inevitável, o incontrolável, restou-me apenas uma hipótese, aprender a viver no limbo.
Cada vez mais me convenço que a vida é um sem número de encruzilhadas e, por muito faltalista que possa parecer, há caminhos que temos de tomar e há coisas que temos de aprender. Claro está que nada disto é fácil e a verdade é que só se cresce e amadurece com sofrimento. Por isso mesmo estou a tentar tirar o maior proveito deste espaço em que fui colocada.
O maior dos obstáculos para mim é a sensação de perda de controlo. Todos nós temos necessidade de sentir controlo e poder sobre a realidade, é um fénomeno amplamente estudado na psicologia. A verdade é que, quando estas sensações nos são retiradas temos o percepção de que o chão nos foge. O meu chão tem corrido!!!! lol Mas que remédio tenho eu senão equilibrar-me na corda bamba. Mas talvez isso me ajude a ver que a corda bamba não é tão lassa quanto eu imagino e que talvez me aguente, mesmo sem chão.
No fundo, tenho de aprender a lidar com o incerto, com o indefenido, com o cinzento e perceber que não vale a pena apurar a aquidade visual, porque o cinzento vai sempre ser cinzento.
Também o cinzento pode ter coisas boas, se não tenho emprego então há tempo livre para ocupar com todas aquelas coisas que sempre quisemos fazer e nunca fizemos. Então há espaço para traçar metas curtas e pensar que quando lá chegarmos pudemos traçar outras. Então há tempo para olharmos para nós e para redefenirmos quem somos e quem queremos ser. Todos nós somos construcções inacabadas, porque não aproveitarmos o tempo para reformularmos umas quantas coisas.
Essa é, sem dúvida, a minha resolução do momento, olhar para mim e re-escrever-me.
Para já vou aproveitar um fim de semana de eremita, por isso meus amores, regresso segunda feira.
beijos