sexta-feira, novembro 24, 2006

Em dias como o de hoje, chuvosos, em que andamos carregados com malas, chapeus, com um bocadinho de sorte, pastas nas mãos e afins acessórios, é dificil;mas há dias em que realmente gosto de andar de transportes públicos porque são, sem dúvida, um verdadeiro laboratório de essência humana. Vê-se de tudo!
Esta semana tive dois bons exemplos disso.
Como já todos devem saber, há 2 dias houve um acidente na linha de cascais que fez com que a circulação estivesse restrita por algumas horas.
Pois eu fui uma das pessoas apanhadas nessa confusão. Soube com antecedência mas ainda assim resolvi ir para o cais do sodré. Disposta já a esperar, fiquei surpreendida quando vi que existia circulação. Subi à plataforma inocentemente pensando que poderia apanhar o comboio que ia sair da linha 5 com destino a todas as estações. Quando lá cheguei perdi a esperança. Não cabia nem mais uma palhinha no comboio. Tal como eu, várias pessoas andavam erraticamente pelas redondezas do comboio, quando anunciaram que saíria de seguida outro comboio da linha 6. Ora, entre a linha 5 e a 6 só há carris, era preciso contornar a linha pela zona das bilheiteiras. Posso-vos garantir que poucas vezes vi tanta gente correr assim! Num desespero verdadeiramente desesperado começou tudo a correr. E foi aqui que vi de tudo, houve senhoras de saltos que corriam sabe deus como, houve quem atropelasse, esgueira-se e ainda quem se tenha atirado à linha para chegar lá mais depressa. Posso-vos assegurar que foi uma cena verdadeiramente cómica. Olhei para aquele cenário e percebi que não queria ser estrela daquele filme, pensei então procurar onde me sentar.
Calculei eu que, com a espera a que todos estavamos dotados, que os bancos da estação estariam cheios, pois não foi o meu espanto que estavam vazios. O mais engraçado é que mesmo depois do comboio da linha 5 e da linha 6 terem partido eles continuavam vazios. Sentados, só eu, outra rapariga e um velhote com ar de "louco de lisboa", os outros andavam perdidos, sem rumo, de linha em linha...
Parece que quando se tira o previsível às pessoas, que elas ficam perdidas, como se o imprevisto fosse uma catastrofe.
Pouco depois decidi sentar-me num comboio qualquer, aleatoriamente, sorte das sortes, foi o que andou de seguida. E aí fui eu, sentada e quieta, acompanhada do meu livro até ao meu destino.

o outro episódio fica para próximas núpcias ;)

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